O velho continente pode ser o novo continente para as startups

22/01/2019 06:00:00

Por Claudio Scheuer, head internacional da Spin

O velho continente pode ser o novo continente para as startups
Spin. Foto: divulga��o

Por Claudio Scheuer
Head internacional da Spin

 

Será a Europa, berço da revolução industrial, dos movimentos artísticos e culturais mais expressivos do mundo até hoje, um local de inovação? O velho continente não é uma senhora milenar, com tradições e costumes muito antigos e avessa a novidades. Muito pelo contrário, inúmeros tipos de inovação vêm efervescendo em todos os cantos e, nos últimos anos, os investimentos em startups têm ganho tal força que muitos investidores já acreditam que a Europa será o próximo hub de startups no mundo.

Mais obstáculos ou facilidades? Inovar em meio ao que já está pensado, projetado e edificado é ainda mais difícil. Em se falando de investimentos, pode ser ainda mais desafiador. Convencer investidores que a sua ideia irá emplacar e render um bom dinheiro é difícil em qualquer lugar. Em ambientes maduros, como o mercado europeu, é pior ainda. Os europeus gostam de investimentos seguros e o mundo das startups não faz parte de conversas do dia a dia. Investir em imóveis ainda é mais seguro e rentável para a grande maioria, haja visto que as taxas de juros para investimentos nessa área são baixas e convidativas. Poucos são os fundos de VC (venture capital) para fomentar as startups e fazer algumas decolarem.

Investidores anjo também não são comuns e alguns países nem têm legislação favorável para áreas de TI e tecnologia. Os países que saíram na frente têm concedido visto de empreendedor a quem quiser (e conseguir provar que consegue) criar novas empresas de tecnologia. Subsídios estão sendo criados, e cada vez mais estudados, por cidades e países europeus de olho nesta mão de obra superespecializada que gera riqueza com habilidades do mundo digital combinados com inovação. A Europa se prepara para uma nova era que poderá trazer o velho continente para mais perto dos novos talentos, atraindo mão de obra especializada aliada à inovação.

Por que a Europa inova? Resposta rápida: porque o básico já está pronto. É o princípio da casa pronta. Quando terminamos de construir uma casa, colocamos os móveis, fazemos o jardim e passamos a habitá-la. Não haverá mais muito o que ser feito, a não ser manutenções. Partindo deste princípio, a analogia é simples: quando não há o que se construir, podemos apenas melhorar o que já está construído.

A infraestrutura das cidades já é notoriamente bem estabelecida, portanto, tudo que for adicionado precisará representar melhorias significativas para que se justifique tal investimento. Se comparamos o que temos já pronto de infraestrutura nas cidades brasileiras e o que encontramos nas cidades europeias a distância é ainda maior. Melhorar o transporte público, a educação e até mesmo a experiência do consumidor é muito mais desafiador em ambientes onde quase tudo está em um bom nível e pronto para o uso.

Novidades se tornam menos frequentes e a inovação é vista sempre com os olhos de “Como nunca pensei nisso?”. Para gerar valor agregado é necessário ir além, conquistar mais usuários, clientes e fãs. O comum já existe e ninguém mais nota. O inovador passa a ser cobiçado. Dentro deste processo está a disrupção de ideias que, combinada com a pergunta “Como resolver este problema?”, dá início ao processo de inovação e mudança. Para isto, a Europa já provou que tem sangue jovem e fôlego de sobra.

 

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