GERAL

Preços pagos ao produtor catarinense de leite voltam a crescer

09/07/2021 15:30:00

Preços pagos ao produtor catarinense de leite voltam a crescer

Em julho os produtores catarinenses de leite estão recebendo preços superiores aos recebidos em junho. 

Essa tendência de alta já havia sido sinalizada na última reunião do Conseleite de Santa Catarina, realizada no dia 25 de junho. 

Na oportunidade, o preço projetado de junho para o leite padrão foi de R$1,8191 por litro, valor 7% superior aos R$1,6994 de maio.

Os preços indicados pelo Conseleite em um mês acabam influenciando os valores que os produtores recebem no mês seguinte, porque são importantes referências nas negociações com as indústrias lácteas. 

Essa alta nos valores pagos aos produtores está diretamente relacionada à recente recuperação dos preços dos produtos lácteos no mercado atacadista, que, depois de atingirem o seu pico em setembro de 2020, decresceram sensivelmente até o mês de fevereiro. 

Neste período, o preço de referência do leite padrão teve uma redução superior a 15%, caindo de R$1,7994/l, em setembro de 2020 para R$1,5218/l, em fevereiro de 2021. 

CONSELEITE

SC é um dos seis Estados do país a contar com Conseleite (Conselho de Produtores Rurais e Indústrias de Leite), órgão que tem como principal objetivo realizar reuniões mensais para calcular e divulgar os valores de referência para a matéria-prima leite, bem como fazer a projeção dos preços do produto para o mês seguinte.

Esses valores são calculados a partir de uma metodologia transparente desenvolvida por professores da Universidade Federal do Paraná.

É uma associação civil que reúne representantes de produtores de leite e das indústrias que processam esta matéria-prima. 

O Conseleite Santa Catarina foi instalado em 2007, o que faz dele o segundo mais antigo do país. 

O Paraná foi o pioneiro, com a criação do órgão em 2002. 

Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia completam o rol dos Estados que contam com o Conselho.

Custo de produção

O custo de produção do leite faz parte dos cálculos dos valores de referência para o produtor. 

Por isso, os Conseleite precisam ter custos de produção relativamente atualizados, o que é uma das atribuições das Câmaras Técnicas dos Conselhos. 

Em abril, o custo ponderado de leite calculado pelo Conseleite Santa Catarina ficou em de R$1,89/l.

Em Santa Catarina, existem particularidades relacionadas aos custos de produção.

A primeira delas é que os custos dos cinco sistemas de produção de leite do Conseleite de SC são atualizados quadrimestralmente, conforme os levantamentos dos preços pagos pelos produtores feitos pela Epagri/Cepa.

A segunda e mais importante particularidade é que, não só esses custos ficam disponíveis para consulta na internet, como há uma planilha Excel disponível para produtores de leite calcularem o seu custo de produção e, consequentemente, avaliarem a rentabilidade na produção e melhorarem a gestão de sua atividade leiteira. 

A ferramenta foi desenvolvida pela Câmera Técnica do Conseleite SC e está disponível no site da Epagri/Cepa.

Ao navegar na página da Epagri/Cepa, o pecuarista deve rolar a página até encontrar o custo de produção de leite. 

Então, será preciso clicar na aba com a data mais recente para baixar a planilha Custo de Leite.

 No arquivo Excel ele deve clicar na aba Dados Rebanho para ver as células que precisa preencher. 

Preenchendo esses espaços ele vai conhecer o seu custo de produção de leite.

PRODUÇÃO CATARINENSE 

Estimativas apontam que, em 2020, SC produziu 3,15 bilhões de litros de leite, 2,88 bilhões deles destinados para as indústrias lácteas. 

Os números mostram que, no ano passado, o estado catarinense respondeu por 11,3% do leite recebido pelas indústrias lácteas brasileiras. 

Esse desempenho coloca Santa Catarina como o quarto maior produtor de leite do Brasil. 

O Oeste concentra 80% de toda a produção leiteira do estado.

No início dos anos 2000 a produção catarinense de leite representava apenas 4% do total do leite industrializado nacionalmente. 

Tabajara relata que, até esta época, boa parte do leite produzido no Estado não ia para as indústrias inspecionadas, ficava para consumo das famílias agricultoras ou era vendido localmente.

Tabajara Marcondes, analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, conta que a  partir dos anos 2000 houve um sistemático e expressivo crescimento na quantidade de leite comercializada para as indústrias, causado por uma série de fatores: 

“O crescimento da demanda nos centros urbanos, as crescentes restrições à comercialização informal de leite, a tradição de produção leiteira na maioria das propriedades dos agricultores familiares, a necessidade de milhares dessas famílias buscarem renda em ‘novas’ atividades, a boa estrutura de organizações públicas e privadas de apoio ao meio rural, os investimentos das indústrias e cooperativas  lácteas, a boa competitividade da produção leiteira catarinense, entre outros aspectos”. 

“Desde então, a cadeia leiteira catarinense só cresceu, e hoje está consolidada e com ótimas perspectivas de seguir nessa evolução”.

“Santa Catarina também veio crescendo na produção leiteira como consequência do apoio institucional qualificado, tanto por parte de prefeituras, como das indústrias e pela Epagri, que priorizou a atividade nos últimos anos”. 

“A atividade leiteira é das principais para o meio rural catarinense. É uma produção importante para os pequenos municípios, com repercussões socioeconômicas que transcendem em muito o meio rural”.